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Mostrando postagens de março, 2015

trecho do livro O Perfume de Eliana

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por Alice Lanalice Tomando fôlego para começar 31 de janeiro de 2001. Faz hoje exatamente um ano que minha filha, Laninha, se foi. Prefiro dizer que ela se foi. Qualquer outra maneira de expressar esta tragédia  parece ser mais dolorosa ainda. Escolhi justamente esse dia para iniciar a escrita do livro. Escrevo em memória de minha filha Eliana, que morreu em um acidente automobilístico, em Campinas (cidade do estado de São Paulo) e também para partilhar a angústia com aqueles que choram pela mesma dor. Foi um ano de grande dor, muitas perguntas, raríssimas respostas e algumas certezas. Não sei se esta é a melhor época para escrever sobre isto. Toda a emoção que ainda existe pode comprometer a real compreensão do momento. No entanto, se esperasse mais tempo, talvez não conseguisse dar voz aos sentimentos. O que importa saber se essa é a melhor época? Não sei tantas coisas. Não consegui  entender essa morte e me conformar com o estrago que ela trouxe. Precisei aceitar es

A VIDA

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alen da lenda A vida passa em uma fração de segundos... Há momentos na vida que temos que abrir mão de tudo que fazia sentido, das nossas verdades e do que reputávamos como sendo os nossos valores. Constatamos que eles se tornaram inúteis ao nosso crescimento, já fazem parte do passado e a vida, não se detém olhando para trás, antes, caminha para a frente, em busca de novos acontecimentos. Há momentos na vida que todas as vigas mestras que asseguravam a nossa sustentação vêm abaixo e a casa cai, independente da nossa tácita recusa ou inaceitação. Há momentos na vida que ficamos sem saber para onde ir, que nada consegue nos alegrar, motivar ou seduzir e, em compasso de espera, vamos assistindo a fragmentação das nossas estruturas, agora transformadas em quimeras. Nestes momentos ( que têm o peso de uma eternidade), nada nem ninguém pode fazer nada por nós ... estamos definitivamente vazios e sós. Em meio à dor, esmiuçamos o que sobrou de nós, remexemos entre os

Quem, eu? Uma avó. Um neto. Uma lição de vida | Editora Belas Letras

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Neto larga faculdade e emprego para cuidar de avó com Alzheimer no RS Fernando Aguzzoli, 22 anos, acompanhou de perto a doença de Dona Nilva. Estudante criou página em rede social e vai transformar conteúdo em livro. Fernando, 22 anos, posa ao lado da avó Nilva  (Foto: Fernando Aguzzoli/Arquivo pessoal)   “Passei de neto a pai da minha avó.” A frase é do porto-alegrense Fernando Aguzzoli, 22 anos, que acompanhou de perto os últimos meses de vida de Nilva de Lourdes Aguzzolli, diagnosticada com mal de Alzheimer há seis anos. O estudante de filosofia UFRGS trancou a faculdade no início do ano passado, largou emprego e as festas com os amigos para se dedicar em tempo quase integral aos cuidados da matriarca da família Aguzzoli ao lado da mãe, Rose

Até breve, José - de Camila Goytacaz

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Mãe escreve livro para ajudar outras a lidar com a perda de um filho POR GIOVANNA BALOGH 23/02/2015 FOLHA DE SÃO PAULO Camila com os filhos Pedro e Joana (Foto: arquivo pessoal) Tinha leite no peito, mas não tinha bebê para mamar. Tinha barriga de pós-parto, mas não tinha bebê no colo. Tem quarto de bebê pronto, mas não tem ninguém para dormir ali ou usar o enxoval preparado com todo carinho. Além da imensurável tristeza, esses são alguns dos sentimentos das mães que perdem seus bebês na barriga ou pouco tempo depois do nascimento. “O mais difícil é a inabilidade total e completa da nossa sociedade em lidar com a perda, com a morte, com as enlutadas, com a dor, com a tristeza, com a solidão coletiva que perpetuamos todos os dias por não sabermos ou mesmo falar com quem perdeu um filho”, comenta a jornalista Camila Goytacaz, que perdeu o seu segundo filho, José, com apenas 11 dias de vida. Camila comenta que buscou ajuda em grupos virtuais e presenciais de maternid