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Mostrando postagens de junho, 2015

Cuidar do luto e das perdas

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Pertencem, inexoravelmente, à condição humana, as perdas e o luto. Todos somos submetidos à férrea lei da entropia: tudo vai lentamente se desgastando; o corpo enfraquece, os anos deixam marcas, as doenças vão nos tirando irrefreavelmente nosso capital vital. Essa é a lei da vida que inclui a morte. Mas há também rupturas que quebram esse fluir natural. São as perdas que significam eventos traumáticos como a traição do amigo, a perda do emprego, a perda da pessoa amada pelo divórcio ou pela morte repentina. Surge a tragédia, também parte da vida. Representa grande desafio pessoal trabalhar as perdas e alimentar a resiliência, vale dizer, o aprendizado com os choques existenciais e com as crises. Especialmente dolorosa é a vivência do luto, pois mostra todo o peso do Negativo. O luto, possui uma exigência intrínseca: ele cobra ser sofrido, atravessado e, por fim, superado positivamente. Há muitos estudos especializados sobre o luto. Segundo o famoso casal alemão Kübler-R

A travessia do deserto do luto

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A perda de um filho pequeno constitui, provavelmente, uma das experiências mais traumáticas para alguém. Quando a criança vive apenas poucos dias após o nascimento, o sentimento de plenitude e felicidade são violentamente esmagados pela dor da perda, pela ausência de sentido, pela incompreensão e, claro, pela necessidade de viver o luto. Sobre o tema, vale conferir a entrevista abaixo, que a jornalista Camila Goytacaz – que perdeu um filho com 11 dias de vida – concedeu ao Jornal Zero Hora. O texto foi originariamente publicado no portal do veículo, em 23/05/2015. Você teve uma experiência de morte muito próxima do nascimento, quando o seu corpo ainda tinha sinais claríssimos do período pós-parto. Como foi assimilar tudo isso? O mais dolorido é isso: a gravidez é muito pública. Todo mundo sabe que você está grávida. No final da gestação ou logo depois que saiu da barriga, tem essa coisa evidente de “sumiu a barriga, então cadê o bebê?”. Essas perguntas vêm com muita

Uma dica simples de atividade lúdica para você ajudar a criança enlutada...

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Para ajudar na progressão do luto, trabalhando a lembrança de tempos e acontecimentos associados à pessoa que morreu, você pode pode se utilizar da técnica “Livro eu me lembro”.  Comece perguntando à criança se ela gostaria de escrever um livro especial sobre a pessoa que morreu. A partir da aceitação da criança, numa folha solta de papel, você anota todas as lembranças que ela tem da pessoa que morreu. Dependendo da idade da criança, você pode escrever uma pequena descrição do falecido, juntamente com suas preferências de comidas, time de futebol, dentre outras e pode acrescentar elementos que em comum ou não com a criança. Posteriormente, você e a criança decidem juntos a sequência em que esses fatos/lembranças devem entrar no livro, sendo que  pode ser em ordem cronológica ou classificada por tópico, ou como a criança achar melhor. Ambos escrevem o livro juntos, embora a criança deva fazer sozinha o máximo que for possível. Podem ser incluídas no livro fotos ou ilustrações, velh

Por Maria Eliete Gomes

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"A morte estabelece um tipo de ponte que ninguém quer ultrapassar. Principalmente quando alguém está no luto se perguntarmos sobre suas dores, eles certamente dirão que gostariam de ter seus entes queridos de volta aqui. Não se estabelece um projeto de subida (céu), sempre estabelecemos um projeto de luto de descida (terra). Ou seja: falamos que vamos ficar aqui, sofrer aqui com o próprio luto, porque o céu não é certeza. Na visão de muitos, se o céu fosse uma certeza, as p essoas passariam a ficar confiantes e felizes porque saberiam que a ponte ultrapassada apresenta uma estrada mais bonita. Existe uma incerteza e a falta de fé faz desse incerto um buraco maior ainda. Mas sem confiança o que pode ser feito? Tente fazer um projeto do céu. Algo como: “Estou aqui, vou viver com saudade aqui. Mas confiante de estabelecer um novo vínculo com quem partiu e está no céu”. Crie projeto para o seu futuro, para o aqui e para o depois do aqui." (Livro - Saudades a Sombra de um Ipê