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Mostrando postagens de maio, 2013

Mães órfãs - Como viver com a perda dos filhos

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ISTO É N° Edição: 2108 | 01.Abr.10 Antonio Carlos Prado “Eu sempre quis ter outro filho, mas não é um plano para daqui a nove meses” -  Ana Carolina, mãe de Isabella Ser mãe é padecer no paraíso, quanta alegria e celebração à mulher que pode dizer isso – ela é mãe de filho vivo. Mãe de filho morto é mulher que desce ao inferno da dor, do desespero e da depressão. Sua vida, de céu não tem nada, há apenas um quedar-se insone, ansioso e impotente diante de um destino que não pode mudar. Se mães pudessem pressentir a morte inesperada de filhos, em crimes e acidentes, ou salvá-los de morte anunciada por enfermidade que vai se estendendo, simbolicamente tentariam aquilo que é fisiologicamente impossível: pelo mesmo e agora já inexistente cordão umbilical, através do qual os colocaram no mundo, os trariam de volta ao aconchego do útero. Sim, é nele, útero, que a constante dor emocional da morte, quase sempre psicossomatizada, lateja fisicamente. Psicól

Criticar a felicidade

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  Critico a felicidade quando dela me esqueço. Critico a felicidade quando faço de uma alguém um ninguém, faço a minha raiva espumar em minha alma. Critico a felicidade quando não olho com misericórdia aquele que me prejudicou. Quando não leio a história de seus olhos em teu olhar. Quando não enxergo que ele ainda não foi apresentado ao Deus do amor. Critico a felicidade quando o meu rosto não é pleno em meu espelho, quando as rugas não significam linhas de memórias e lembranças. Quando o meu corpo não é por mim aceito. Crítico a minha felicidade, quando olho para o problema do outro e apenas vejo o meu “eu então”, quando não ouço a sua dor, quando não compadeço de seu problema. Critico a felicidade, quando a alegria do jovem não me contagia, quando os risos da mesa ao lado, não me motivam e me fazem bufar. Quanto não respeito o outro, quando não encontro em suas palavras uma maneira de me melhorar. Critico a felicidade, quando tudo minha volta se enche do meu eu,

ARTIGO: SUPERANDO A DOR DE UMA GRANDE PERDA

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Como superar a perda de uma pessoa querida? Existe uma forma melhor de enfrentara morte? Como continuar a viver sem a pessoa que era o motivo do nosso viver? Não sei, mas gostaria de saber. Só sei que a dor que sentimos quando perdemos alguém é a maior que podemos passar na vida. Não há nada mais doloroso que isso. Uma briga com o filho; uma discussão com a esposa ou um desentendimento com o amigo são problemas superáveis.  Dependem apenas de tempo ou coragem suficientede todos para reverem seus pontos de vista. Já a morte não espera e nem quer negociar. Não obedece ao tempo e muito menos à consciência. Aparece quando menos esperamos e derrota toda a nossa esperança e fé na vida. A morte entra de uma forma brutal na vida. Corrói o coração de uma pessoa e estraçalha seus sonhos. Aniquila sua força para viver e parece que vai quebrá-la por inteiro e destruí-la. É uma dor que não some. Pelo contrário, consome cada momento bom da vida. Sem a menor piedade

Dia das Mães

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Giuseppe Ghiaroni Dia das Mães Mãe! eu volto a te ver na antiga sala onde uma noite te deixei sem fala dizendo adeus como quem vai morrer. E me viste sumir pela neblina, porque a sina das mães é esta sina: amar, cuidar, criar, depois... perder. Perder o filho é como achar a morte. Perder o filho quando, grande e forte, já podia ampará-la e compensá-la. Mas nesse instante uma mulher bonita, sorrindo, o rouba, e a velha mãe aflita ainda se volta para abençoá-la Assim parti, e nos abençoaste. Fui esquecer o bem que me ensinaste, fui para o mundo me deseducar. E tu ficaste num silêncio frio, olhando o leito que eu deixei vazio,   cantando uma cantiga de ninar. Hoje volto coberto de poeira e te encontro quietinha na cadeira, a cabeça pendida sobre o peito. Quero beijar-te a fronte, e não me atrevo. Quero acordar-te, mas não sei se devo, não sinto que me caiba este direito. O direito de dar-te este desgosto, de te

PRATICANDO O DESAPEGO

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Enxergue os términos com outros olhos e aprenda a dizer adeus      Em 2009, a entrega do Oscar de melhor filme estrangeiro trouxe uma surpresa. O filme japonês A  Partida  (Departures /Okuribito) levou a tão desejada estatueta no lugar de outros filmes mais incensados pela crítica. Mas afinal de contas, o que  A  Partida  tem que o torna tão especial? Trata-se da história de um homem na faixa dos 20 anos, casado, que toca violoncelo numa orquestra em Tóquio, e esta é dissolvida pelo patrocinador. Ele volta à sua cidade natal com a sua mulher e consegue um emprego no qual ganha muito bem. O que o desagrada é o novo trabalho em si: arrumar defuntos para serem cremados, numa cerimônia em que a família da pessoa morta está presente. À medida em que ele persiste no emprego, começa a perceber a importância do que faz e a dignidade de honrar os mortos em sua despedida.      Um outro filme, este feito para a TV, pela HBO, chamado  Correr Riscos  ( Taking Chance ) mostr

Morte de um filho:

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A superação deve ser buscada diariamente Desde o início da humanidade, somos alertados quanto a possibilidade de perder os pais, irmãos ou amigos para a morte e sempre nos falam que diante desse infortúnio, temos de ser fortes, pois não há nada que se possa fazer. Mas na verdade, nunca estamos preparados quando acontece. A morte é a única certeza que qualquer ser vivo tem. Quando ocorre a morte de filho, o impacto é ainda maior, pois não se perde um ente querido, mas, um pedaço de si mesmo, que se vai sem volta, é um pedaço da alma que se parte em milhares de pedaços e nem o tempo, com sua sabedoria milenar, parece capaz de juntar e colar tais retalhos. Mas, como o mundo não pára e o ciclo da vida continua, é preciso aos poucos juntar o que restou emendar, como puder e mesmo com as eternas feridas abertas, tentar seguir o caminho.  Até nos registros bíblicos, a morte é relatada de acordo com o ciclo natural: nascer, crescer, procriar, para só então morrer. E se isso aco