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Mostrando postagens de maio, 2014

SE É BOM OU SE É MAU... por Rubem Alves

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           Quero contar para vocês a estória que mais tenho contado - não aconteceu nunca, acontece sempre. Um homem muito rico, ao morrer, deixou suas terras para os seus filhos. Todos eles receberam terras férteis e belas, com a exceção do mais novo, para quem sobrou um charco inútil para a agricultura. Seus amigos se entristeceram com isso e o visitaram, lamentando a injustiça que lhe havia sido feita. Mas ele só lhes disse uma coisa: "Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá." No ano seguinte, uma seca terrível se abateu sobre o país, e as terras dos seus irmãos foram devastadas: as fontes secaram, os pastos ficaram esturricados, o gado morreu. Mas o charco do irmão mais novo se transformou num oásis fértil e belo. Ele ficou rico e comprou um lindo cavalo branco por um preço altíssimo. Seus amigos organizaram uma festa porque coisa tão maravilhosa lhe tinha acontecido. Mas dele só ouviram uma coisa: "Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá." No dia seguinte se

O QUE RESTA A CADA UM

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Vou contar-lhes algo que aconteceu ao internacionalmente conhecido violinista Yitzjak Perlman e que me foi contado por um amigo que esteve presente na ocasião. Como de costume, no dia 18 de novembro de 1995, Perlman subiu ao palco para dar um concerto no Lincoln Center, em Nova York.  Se você alguma vez assistiu a um concerto do músico, sabe que não é fácil ele subir no palco. Teve poliomielite na infância, usa aparelho em ambas a pernas e caminha com ajuda de duas muletas. Vê-lo avançar no palco, um passo de cada vez, lentamente, é algo impressionante. Caminha com dor, mas majestosamente, até chegar ao seu lugar. Senta-se, coloca as muletas no chão, empurra um pé para trás e estende o outro para frente. Abaixa-se, pega o violino, coloca-o apoiado no queixo, faz um sinal de assentimento para o maestro e começa a tocar.  O público está acostumado a esse ritual.  Mas nesse dia, algo saiu errado. Ao terminar um dos primeiros compassos, uma das cordas do violino arrebentou. Foi possível

Letícia Thompson

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Uma questão de tempo... Sim... as pessoas que amamos são insubstituíveis ao nosso coração. Aquele lugarzinho que elas ocupam fica marcado com a presença delas, com o cheiro, com a forma e até o som do riso. E quando elas partem forma-se o vácuo. Mas se a presença física se foi, ficam ainda as lembranças de tudo aquilo que foi construído juntos: os momentos vividos, as horas compartilhadas, muitas vezes as partidas e reencontros... A saudade é tão indizível quanto a dor que ela provoca. Mas ainda existe uma esperança: quem faz o bem aqui, nunca vai completamente: essa pessoa vive através dos ensinamentos que deixou, vive através das marcas que foi colocando em cada passo, cada acontecimento... E o que reconforta é a esperança de que esse ponto final colocado é apenas passageiro, pois o Senhor nos prometeu que um dia, no céu, nós nos reconheceríamos. Então... é apenas uma questão de tempo. Um dia a gente se reencontra fatalmente com aqueles que amamos e nos amaram acima de

Dia das Mães

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Nossos anjinhos nos desejam hoje...

O neto que virou pai...

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Compartilhar a dor não é sofrê-la no coletivo, é livrar quem dela sofre. Foi com esse lema que o estudante Fernando Aguzzoli decidiu dividir com milhares de seguidores a experiência de virar o pai da própria avó e fazer dessa relação um exemplo de como lidar de forma leve com o Alzheimer. Acervo pessoal Fernando realizou o sonho da avó e a levou para conhecer as Cataratas do Iguaçu Em janeiro de 2013, aos 21 anos, o jovem de Porto Alegre decidiu largar a faculdade de filosofia e o emprego para passar 24 horas ao lado da avó, diagnosticada com Alzheimer cinco anos antes. Aos 79 anos, Nilva Aguzzoli, ou a Vovó Nilva, como ficou conhecida nas redes sociais, passou a ter o neto como cuidador em tempo integral. "Desde o início da doença, eu e meus pais sempre cuidamos, mas, em 2013, quando percebi que ela estava chegando a um estágio mais avançado da doença, pensei que, em breve, ela poderia nem nos reconhecer mais, e decidi que queria ficar direto com ela. A partir d

O EU E A PERSONA

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Paul Ferrini “ Há momentos em que é preciso escolher entre viver a sua própria vida plenamente, inteiramente, completamente, ou assumir a existência degradante, ignóbil e falsa que o mundo, na sua hipocrisia, nos impõe. ”  ― Oscar Wilde O Amor está em toda a parte do universo, embora para você não seja fácil manter-se ligado a ele. Por quê? Você não se sente ligado ao amor porque acha que já algo errado com você. Você tem medo de ser julgado e rejeitado pelos outros. Você acha que não é aceitável do jeito que é, pois durante quase toda a sua vida você aceitou as idéias e opiniões dos outros como se elas correspondessem à verdade a seu respeito. Contudo, o que a sua mãe, o seu pai, o seu professor, o sacerdote de sua igreja dizem a seu respeito é só a opinião deles. Algumas destas opiniões podem ter sido corretas em alguma época da sua vida, mas até mesmo estas podem não se justificar agora. Lamentavelmente, você internaliza as opiniões dos outros a seu respeito. E