Imitação da vida Depois de uma grande tragédia pessoal é preciso voltar a viver Fui ao cinema ver Michelle Pfeifer em Nas Profundezas do Mar sem Fim , que conta a história de uma mãe que perde um de seus filhos, de três anos, num saguão de hotel e só volta a encontrá-lo nove anos mais tarde. O roteiro preguiçoso resultou num filme raso, mas uma frase dita pela personagem de Whoopi Goldberg me trouxe até aqui. Depois de todos os abalos familiares decorrentes do desaparecimento do filho do meio, a mãe vivida por Michelle Pfeifer se refaz e constrói, aos poucos, o que a detetive vivida por Whoopi chama de “uma boa imitação de vida”. Pessoas que passam por uma grande tragédia pessoal têm vontade de dormir para sempre. Nos dias posteriores ao fato, não encontram forças para erguer uma xícara de café ou pentear o cabelo. Sorrir passa a ser um ato transgressor, que gera uma culpa imensa, pois é como se estivéssemos nos curando do sofrimento. Passada a fase de hibe...