AS REPERCUSSÕES DO LUTO NO IDOSO




O luto pode representar um processo de grande impacto no idoso, pois este traz consigo perdas pessoais e sociais decorrentes de a velhice ser estigmatizada como fase da invalidez ou da condescendência. Por isso, devemos considerar que trabalhar emocionalmente as perdas decorrentes de alterações físicas e isolamento social é complicado, e pior se associadas à morte do cônjuge e, principalmente, de um filho. 

Os ritos de morte e de luto, importantes para o psiquismo, vêm sendo desconsiderados ou realizados rapidamente; porém, " para que a morte de um ente querido não assuma formas obsessivas no inconsciente é necessário ritualizar essa passagem" (Brasil Escola, s/d). A desconsideração formal ocorre tanto por parte da sociedade como da própria família, o que requer uma mudança de atitude do meio acadêmico, para que se traga à discussão o tema e então se possa efetivamente cuidar do enlutado, principalmente o idoso, desconsiderado em suas múltiplas necessidades, principalmente as emocionais. 
Durante o processo de luto é importante avaliar que tipo de ajuda se faz necessária. É importante permitir a ritualidade do processo, que pode ser diferente entre culturas e pessoas, não sendo possível estipular um padrão de comportamento. A ajuda pode surgir de diferentes áreas, como a profissional, a leiga e, principalmente, a religiosa. 

O idoso deve ser acompanhado e deve-lhe ser permitido tempo para reorganizar-se emocionalmente. Na fase inicial do luto ele pode ter necessidade de ajuda para atividades básicas da vida diária, pois " a máscara usada no funeral não pode mais ser mantida e é necessário que algum parente ou amigo próximo assuma muitos dos papéis e responsabilidades do enlutado, deixando-o livre para vivenciar o luto" (Parkes, 1998, p. 205) 

A expressão emocional deve ser permitida abertamente, não se considerando a necessidade de medicalizar o fato. O enlutado deve ser livre para expressar seus sentimentos de raiva e angústia, que comumente ocorrerão para com aqueles que o ajudam, pois são os que mais estarão reafirmando a perda. 
Importante considerar que " o enlutado tem uma tarefa dolorosa e difícil para realizar, que não pode ser evitada nem apressada. A verdadeira ajuda consiste em reconhecer o fato e permitir que ele se organize para que fique disponível para elaborar a perda" (Parkes, 1998, p. 205). 

No idoso em processo de luto podem ocorrer alguns distúrbios, como os do sono e da alimentação, ou ainda manifestações somáticas, sendo comum falta de ar, aperto no peito, falta de energia, insônia, passividade, alucinações e ansiedade. 
As alterações do sono podem estar relacionadas à somatização ou dever-se ao fato de que " durante o sono ou em períodos de atenção relaxada, as lembranças dolorosas tendem a invadir nossa mente e nos pegamos revivendo o trauma mais uma vez" (Parkes, 1998, p. 59). 

João Batista Alves de OliveiraI; Ruth Gelehrter da Costa LopesII 
IMédico. Mestre em Gerontologia 
IIDoutora em Saúde Pública. Vice-Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP 

fonte: grupo casulo

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