O adeus que ainda não dei

por Leticia Maria-jornalista em Taubaté Amanhã espero ir ao cemitério fazer uma visitinha, levar flores e cantar baixinho Revertere ad Locum Tuum”, “Hodie mihi, cras tibi!”, “Fuimos quod estis, sumus quod eritis”. Quem nunca foi pego algum dia lendo atentamente essas e outras tantas frases esquisitas em latim escritas às portas dos nossos cemitérios? Eu, pelo menos, quando criança, ficava intrigada com elas sempre que acompanhava algum adulto num enterro qualquer. Acho que, como toda criança, me distraía com as peculiaridades daquele lugar diferente e cercado de mistérios, desde as fotografias dos túmulos até pelas histórias curiosas que eu ouvia. Quanto às frases, só me dava por satisfeita quando alguém, além de traduzi-las, me fazia refletir sobre o sentido da morte. E eu ficava lá, pensando… “Voltarás para o teu lugar”. “Hoje eu, amanhã tu.” “Fomos o que sois, somos o que sereis.” Finalmente, quando entendi o que era a morte de fato (lá pela adolescência, provavelmente, por ...