A morte pode ser vista como um mistério
incompreensível. Ou como um absurdo inaceitável. A
morte pode até ser tratada como um tabu, assunto do
qual a maioria das pessoas não gosta de falar. Mas,
seja como for, aceitemos isso ou não, a morte é um
fato, uma realidade inexorável. E que vem para todos
nós. Por mais que queiramos nos esconder dela, deixar
de existir é uma coisa tão natural quanto existir. Na
verdade, a morte é provavelmente a única coisa certa
na sua existência ou na minha - e também na de nossos
pais, nossos filhos, nossos ídolos e inimigos, de
todas as pessoas que amamos e mesmo daquelas que
jamais chegaremos a conhecer: é certo que todos nós
vamos morrer um dia. Pessoas boas, pessoas ruins,
gente em Xanxerê, Santa Catarina, ou em Nagano, no
Japão. E esse dia pode acontecer amanhã ou daqui a 60
anos.
A morte faz parte da vida. Todos começamos a morrer
exatamente no dia em que nascemos. A morte, portanto,
é um etapa da nossa existência com a qual temos que
conviver. Pode-se conviver melhor ou pior com ela. Mas
não se pode evitá-la. Pode-se aceitar a sua
inevitabilidade e olhá-la de frente. Ou pode-se
negá-la, fugir dela, imaginar que não pensar na morte
possa fazer com que ela deixe de acontecer com você ou
com a sua família. Mas o fato é que todos nós estamos
programados para nascer, crescer e morrer - uma
obviedade esquecida por boa parte da sociedade
ocidental contemporânea, que teima em ver a morte como
um evento artificial, inesperado e injusto. Sobretudo,
costumamos vê-la como um evento exclusivo, pessoal,
que isola quem sofre uma perda, por meio da dor, do
resto do mundo. Quando, ao contrário, não há nada
menos exclusivo do que morrer. Nem nada que perpasse
mais a humanidade do que o sofrimento de uma perda.
Como está expresso na fábula tibetana, a morte não é
privilégio nem desgraça particular de ninguém. Ela
chega para todos, sem exceção.
Como não podemos evitar a morte, só nos resta conviver
bem com ela.
(trecho do artigo de M. Fernanda Vomero)
fonte: grupo casulo
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