Pontes


 


Um cinema para distrair a cabeça no final de semana, penso cai bem.
Estou caminhando para a bilheteria e meu olhar, meu coração, minha 
alma focam em um rapaz.
Tudo ao redor sumiu e nesse momento só penso em me aproximar do tal rapaz.
Sua pele clara, seus cabelos fortes, pretos, lisos me puxam como um imã. 
Chego mais perto sabendo que não é ele, mas insisto em ver de perto.
Pronto, volto a respirar e percebo não, não é meu filho.
E me ponho a pensar no meu reencontro com o meu filho.
Como será ?
Quando será ?
Assim acontece, em um dos vários momentos, que penso no meu Rafael.
Faz oito anos que ele subiu aos céus aos 23 anos de idade e tenho 
inumeras vezes lembranças e procura de semelhanças.
Para o amor, não importam os anos, nem o que aconteceu.
Para o amor, o que fica é o amor imortal e a saudade.
Ah....a saudade.
Ela caminha comigo, mesmo que de carona, mesmo que escondida e em dado 
momento se agiganta bem na minha frente.
Faço o melhor com a vida que tenho a viver, mas dizer que é fácil não é.
Quando algum amigo dele casa, quando alguma amiga ganha um neto...
Também quando o time dele joga, um restaurante que ele gostava, um 
jeito de vestir, um corte de cabelo.
No dia do meu aniversário, no dia do aniversário dele, na Páscoa, no 
Natal, no Reveillon.
Enfim viver com a presença da ausência.
Difícil, ás vezes sofrido, mas possivel, pelo amor e pela fé 
incondicional, de que um dia o terei de novo em meu colo, em meu braços.

Marilia Iasi Keller,
do livro Divisor de  Águas, a perda de um filho

Comentários

  1. Faço dela as minhas palavras. Tal qual como me sinto em todos esses momentos. Muita Saudade...

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  2. Também me sinto exatamente assim. Saudade, saudade, saudade...já tinha lido um depoimento da Marília em uma revista, acho que foi na Marie Clarie, ou na Cláudia, nessa época tinha meu filho ainda, e me imaginei no lugar dessa mãe...mal sabia eu que um dia teria que viver essa dor também. Que Deus possa sempre nos fortalecer.
    Beijos!!!

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  3. Querida Marilia!!
    Obrigada pela linda mensagem, o que aconteceu com vc acontece com nós todas, a saudades é tanta que realmente vemos.
    Estava na missa e vi um garoto que parecia o Saulo, não tive duvidas no final da missa, falei para o garoto, posso te dar um beijo e um abraço bem apertado, vc é muito parecido com o meu neto que está viajando e não sei quando vou vê-lo.
    Com carinho Zelinda.

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  4. é isso que Zelinda disse acontece mesmo com tdas nós,o rostinho lindo da minha filha encontrei também em outra pessoa um dia desses no hospital,e não aguentei chorei desesperada até quetionando a DEUS porque comigo,porque minha filha.abraços

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  5. MARILIA... vc. é sem igual !
    Consegue escrever exatamente o que nos "Mães sobreviventes" sentimos !
    Seguiremos fortes, p/ podermos chegar lá, onde encontraremos com nossos filhos, que com toda certesa estarão esperando por nós !
    Bjs. (tudo que vc. escreve é muito lindo)
    Fique com DEUS.

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