Construindo
com a dor
Nenhuma fé impede que soframos. A fé
ajuda-nos a sofrer com mais coragem e resignação. Resignação, porém, é algo
que precisa ser entendido como: a força interior de aceitarmos aquilo que de
fato não podemos mudar em nossas vidas. Este entendimento é essencial para que
não confundamos resignação com acovardamento ou omissão, pois,
resignarmos-nos é um ato de grande força e coragem que a misericórdia divina
nos inspira. Como disse, a fé não garante que não soframos, mas dá forças a
muitas pessoas para que aprendam com sua dor, cresçam com ela, até mesmo
construindo com ela algo que, beneficiando outros sofredores acabe por
atenuar as dores de que constrói.
Uma das glórias da pintura mundial foi o
artista Van Gogh. Sua vida foi uma seqüência de sofrimentos. Frustrado em sua
vocação religiosa, pois foi um pastor evangélico que fracassou em sua missão,
não encontrou correspondência a um grande amor que viveu e que o levou ao
desespero: doente de esquizofrenia tanto marginalizou-se quanto foi
marginalizado pela sociedade do seu tempo. Após anos a fio pintando encerrou
sua existência tendo conseguido vender um único quadro – assim mesmo, para um
seu parente. No entanto, Van Gogh passou sua atormentada vida construindo,
com seus imensos sofrimentos, um manancial de beleza, empenhando em
transfigurar a dor em arte, em transformar toda sua dor em quadros
maravilhosos que alimentam nosso século de riqueza estética.
Uma coisa é fazermos do nosso sofrimento
grandes acumulações de mágoa e ressentimento: outra bem diversa é, crescendo
com nossas dores, nós as transformarmos em algo que ampare e socorra outras
vidas. No primeiro caso, nós nos manteremos num constante processo de auto
intoxicação, pondo cada vez mais às escuras nossa “casa mental” e
contaminando os que convivem conosco com toda sorte de enfermidades
espirituais e psíquicas. No segundo caso, abrir-nos-emos aos poderes da
divina consolação mediante o são propósito de colocarmos nosso sofrimento
como oferenda no altar das dores da humanidade: assim, sairemos da sufocação
dos nossos tormentos e abriremos as janelas e portas da alma para olharmos
solidariamente o sofrer dos que estão à nossa volta.
Muito mais recentemente, nosso país
acompanhou compungidamente a trajetória do cantor e compositor Cazuza,
vitimado pela AIDS e também filho único. A mãe, mulher naturalmente muito
sofrida, mas de espírito desperto para a rude aprendizagem com o sofrer, após
sepultar aquele filho amado e admirado, pôs-se em ação para transformar a
tragédia do seu menino na mais bela canção de fraternidade motivada por
Cazuza. Dona Lúcia até hoje esforça-se de todas as maneiras para integrar sua
dor particular (e de seu marido) na dor universal, com isto criando e
dirigindo a já conhecida Fundação Cazuza. Em várias entrevistas a programas
de televisão. D. Lúcia diz que sua dedicação aos trabalhos da Fundação não
lhe diminuíam saudade, mas davam-lhe vigor íntimo: voltando-se para crianças
e outros sofredores é que a mãe de Cazuza se livrara do desespero cotidiano
que sempre está à espreita dos que viveram perdas trágicas.
Sabemos de mensagens mediúnicas de jovens
desencarnados pedindo aos pais sofredores: “construam alguma coisa com essa
dor! Só assim ela doerá menos, em vocês e em mim”.
Lá, no Mundo Maior, os filhos compreendem a
necessidade espiritual dos sofrimentos vividos pelos seus familiares e
desejam que tais oportunidades de aprendizagem e crescimento não sejam
desperdiçadas pelos descaminhos da revolta, da misantropia ou da autocompaixão.
Eles compreendem que, como já mencionamos, muitas vezes essas provações são
escolhidas e pedidas para auto-burilamento e correção espiritual: por isto,
empenham-se para que seus pais, no esquecimento necessário ao processo
reencarnatório, construam algo com a dor que escolheram viver – ao invés de
maldizê-la.
No amor nobre e puro não pode haver
destrutividade. Estamos neste mundo para que aprendamos a ultrapassar-nos, a
sair dos nossos estreitos limites e integrar-nos no amor universal.
Pais e mães que sobrevivem ao golpe amargo
da perda de uma criança, adolescente ou jovem: se vocês pudessem ouvir aquela
voz querida que partiu, ouvi-la-iam dizer: “Pelo amor de Jesus! Construam
alguma coisa com essa dor, para que esta lhes possa doer menos”.
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"Hoje, de algum lugar longe dessas terras Há um doce olhar só pra você Um olhar especial De alguém especial, de distantes origens Um olhar de um justo coração que pulsa só a vida Que sorri porque ama plenamente Sem julgamentos, preconceitos nem prisões Hoje, como ontem, longe desses céus Há um encantado olhar só pra você Nesse olhar vai para você a magia da luz A simplicidade do perdão A força para comungar com a vida A esperança de dias mais radiantes de paz Hoje, de algum lugar dentro de você, Alguém que já o amou muito e ainda o ama Diz para você que valeu a pena ter estado nessas terras... Sob estes céus... Falando de união, paz, amor e perdão Poder sentir a força que faz você sorrir E continuar o caminho Que um dia aquele doce olhar iniciou pra você Tudo isso, só para você saber que A VIDA CONTINUA... E A MORTE É UMA VIAGEM!" fonte
Olá minha querida,
ResponderExcluirObrigada pela visita, pelo teu carinhoso comentário e pela ternura da tua amizade. Imagino como deve ter sido maravilhoso e gratificante reencontrar essas pessoas tão queridas em tua reunião. Fico feliz por ti!
Achei excelente esse texto, uma valiosa reflexão! Vamos em frente, seguindo nossa trajetória terrena com coragem e resignação e, de fato, a fé é imprescindível, e se faz necessária em todos os momentos. Sempre falei, e falo, à minha família que a minha fé move montanhas, pois onde há fé, há esperança de dias melhores. E temos, realmente, que aproveitar os momentos difíceis, nossos sofrimentos e provações, para aprender, crescer, evoluir e nos tornar uma pessoa melhor a cada dia, semeando boas sementes, de paz, amor e solidariedade. Portanto, vamos nos esforçar, transformando nossa dor em algo útil para o nosso próximo, expandindo luz por onde passarmos. Só o amor constrói!!
Um abraço com muito amor e que Deus a abençoe muito!