Ser mãe...
A arte de se tornar dispensável Por Maura de Albanesi


Uma mulher, antes de querer ser mãe, deve se perguntar se está disposta a se doar, abdicar parte do seu tempo para alguém, e se está madura o suficiente para não querer nada em troca.

O ditado "Ser mãe é padecer no paraíso" é válido para as mulheres que não sabem o que é doação, pois o ato de doar é puramente um ato de amor.
Estar imerso no amor é estar no paraíso, e não há como padecer dentro dele.

As dores de mãe são proporcionais à ligação do cordão umbilical com o filho. Cortar esse cordão é o primeiro ato do amor materno, pois significa reconhecer uma alma independente da sua e começar a trilhar o longo caminho do desapego, tendo a consciência de que esse filho foi apenas concedido pelo Pai (Deus) para que guie seus primeiros passos e, depois, o entregue ao Pai (Vida). Quando a mulher aceita a função temporária de ser mãe não indaga como será a alma gerada, mas abre o seu coração para receber, sentindo-se honrada, pois o Pai lhe confiou seu filho.

Toda e qualquer expectativa, seja ela do filho sobre a a mãe ou da mãe sobre o filho, afasta a possibilidade de um real encontro entre ambos. As expectativas geram julgamentos e preconceitos que dificultam a manifestação do amor.

Aceitar o filho, tal qual ele é, é outro ato de amor valiosíssimo que reina no coração de muitas mães. Aceitar não significa encobrir os erros, mas transcendê-los através do amor. Só se ama alguém quando se conhece os aspectos positivos e negativos da pessoa; antes disso, há somente ilusão.

Por isso dizemos que as mães amam seus filhos verdadeiramente, porque os conhecem, os aceitam e os liberam para a vida. Conforme os anos vão passando, percebem que a função de mãe perdeu a relevância, pois o filho já caminha só. É quando, por amor, ela se vira e entrega o filho para outro alguém, com a certeza de que cumpriu sua missão, que deu o melhor que tinha e podia, e que, se não fez mais, foi por pura impossibilidade, e não por falta de vontade. Esse sentimento é pleno de amor, pois toda mãe reconhece e sabe exatamente o que já fez por um filho, e que não há palavras neste mundo para enumerar e dar significado às noites mal dormidas, às mamadas intermitentes e às aflitivas noites de espera por um telefonema ou qualquer notícia de seu pequeno ou, em muitos casos, já grande filho.

"Mamãe, eu nunca me senti tão filha como na minha orfandade, hoje e todos os dias tenho uma vontade imensa de te abraçar.
Costumo sempre dizer que você não corta o cordão umbilical quando nasce, mais sim quando elas falecem, perdemos a maior amiga, a pessoa que mais te ama, que te aceita com todas as qualidades e te perdoa com todos os teus defeitos.
O que nos fortalece é que carregamos dentro das nossas entranhas um pedaçinho delas.
Uma célula que vai perpetuar por muitas gerações.
Peço a sua Bênção, sua filha Zelinda."

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